quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

El Cruce Columbia - Parte 2 - Etapa 1 de Prova

Chegou o dia da largada!!!!

Tudo pronto, malas fechadas, mochila nas costas, café da manhã bem reforçado e seguimos para a praça de Cerro Catedral, local da largada.

A largada do El Cruce é feita em ondas por horário. Isso é feito para evitar um pouco as filas que se formam nos trechos de trilha mais estreita, que são quase que maioria durante a prova. No primeiro dia nossa largada foi definida pelo número de peito, e largamos na terceira onda.

A organização costuma checar pelo menos um dos equipamentos obrigatórios que precisamos levar. Neste dia todos deviam mostrar o corta-vento, já que nos avisaram que lá no alto da montanha os ventos estavam fortes, apesar do dia de sol e calor. Tudo checado, formamos grupos de 3 duplas para a largada na rampa. Muita festa e emoção nessa hora. Como no dia anterior, após a foto e largada oficial, já subimos pelo teleférico ao ponto onde o tempo realmente começava a contar.

Altimetria da Etapa 1
Chegando a hora!!!!! 




Subindo... por enquanto só sorrisos!! 
E começou a brincadeira!!


E assim começou a primeira etapa. Uma subida dura e beeeem longa, onde só se progredia andando. Quando a subida apertou, ja tirei os bastões de trekking das costas e resolvi usar. Os bastões não são obrigatórios. Vai de cada um treinar com eles e optar pelo uso ou não. Optamos por usar, já que eles aliviavam a força que era necessária nas pernas na subida. Os braços ajudavam como uma alavanca para subir. Nesse ponto aviso aos que querem fazer prova: treinem com os bastões!!!! Em alguns momentos, tive que desviar dos bastões de corredores à frente que insistiam em querer me acertar (risos)...

Quando você pensava que terminou, mais subida!!! Mas olha esse trajeto e a vista... Igualzinho correr em Sampa né? Rs

Ao chegar quase no topo da subida, uma surpresa de arrepiar esperava os corredores... Dois músicos, com violão e violino, tocando no alto do Cerro. Hora de contemplar esse momento único e emocionante... O Cruce é assim, diferente!!!

Infelizmente os vídeos da GoPro ficaram com um volume super baixo pois usamos a caixa estanque... Errinho básico, devíamos ter usado a estanque mas com tela touch, que deixa passar o som! Mas dá para ter uma idéia...



Alto do Cerro Catedral! Depois de muita pedra, subida, areia... E aí, não compensa?


E como tudo que sobe, desce... Veio a descida. Aí você pensa, que bom, vai aliviar. Engano forte. Esta primeira etapa, apesar de menor em distância e acúmulo de altitude, era a mais técnica e difícil. A descida só veio provar! Um paredão de pedras muito inclinado, onde nós debutantes da montanha descíamos rezando agarrados na pedra. Já os treinados iam nos passando, deixando aquela pergunta: "como eles fazem isso??"hahahahahaha.

Passada a descida, um trecho de mata mais fechada em direção ao lago onde acamparíamos. Trilha estreita e interminável... Em alguns momentos abria a mata e podíamos ver o acampamento. Tão perto mas loooonge.... Ainda tinha muito lago pra contornar. O cansaço vinha e a comida já não descia tão bem após 3 ou 4 horas de prova.

Mas vai... Caminha, corre, pula tronco, caminha, cruza arroio, barro, pedra, sobe, desce e chegamos na praia!! O tempo? Não foi dos melhores nem dos piores. Mediano. Mas pouco importava. O que mais importava era ter cruzado o tapete depois de tantas horas!!!!



O cenário compensa tudo!!! O camping 1 era lindo. A vista do lago, o dia lindo! Após a chegada, pegamos as malas do acampamento e seguimos para a nossa barraca. Já aprontamos tudo para a noite (colchão, saco de dormir) e fomos aproveitar o calor para entrar no lago gelado! Já que o sol estava forte, lavamos nossas roupas e tênis e deixamos para secar. A temperatura do lago era ideal para recuperar a musculatura e a maioria dos corredores entrou na água, apesar de estar gelada.

Camp 1 - Los Vaqueanos - Ao lado da chegada!


Hora de almoçar. A comida no El Cruce tem um cardápio que não muda: churrasco, salada, pão e massa. Tudo servido sem parar no almoço emendando com jantar, já que os corredores continuam chegando... Não falta comida. Não espere nada gourmet, mas fome não se passa!

Alimentados, era hora de deitar um pouco no sol, esticar as pernas para depois arrumar tuuuudo pro dia seguinte. A dica era deixar tudo pronto antes de anoitecer, já que não há luz no acampamento e tudo é na base da lanterna. 21h já esteja jantado e pronto para dormir! E tudo que faz de calor num dia de sol, esfria à noite. Não é exagero estar preparado para temperaturas que podem ser negativas. Nesse dia o frio estava bem suportável e o saco de dormir era até um pouco quente demais.

Anoitecer no Camp 1 e o quarto 5 estrelas


Antes de dormir, a organização passou um vídeo de nossa prova da primeira etapa. Achei muito bacana. Aliás, o camping é um perrengue, mas também um lugar que parece fora da nossa realidade. Nada de celular, luz, conforto, mas é meio que surreal ver tanta gente do mundo todo interagindo!!! Todas as idades, tipos físicos, mas todos cansados e felizes! É um lugar bom para desconectar da correria e compartilhar experiências do dia!

E então, já era hora de dormir! Tomei mais um banho de lenços umedecidos (sabonete e shampoo? nada! não se pode usar no lago...), escovei os dentes com uma canequinha e coloquei meu tampão de ouvido. Antes de vir, tive medo de não conseguir dormir pelo barulho de bichos e medo (kkkkk), mas o que mais incomoda mesmo é o barulho dos vizinhos, já que barraca não é parede de concreto e tudo se escuta!!!

Muito ainda nos esperava pela frente e o cansaço só ia piorar!!! Mas agora, era só esperar o amanhecer do dia 2...

(continua)

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

El Cruce Columbia 2015 - Parte 1 (Pré-prova)

Bom dia!!!!

Começo nesse post a contar um pouco do que foi a experiência do El Cruce 2015... Quero mais para frente colocar dicas para quem deseja realizar essa prova, mas acho que o relato em si já deve ajudar pelo menos a ter mais uma idéia para tomar a decisão de fazer ou não a prova!



Mas para começar, o que é o El Cruce?
É uma corrida de aventura que em 2015 completou sua 14ª edição. A idéia da corrida é unir Argentina e Chile em um percurso de aproximadamente 100km que muda a cada edição. A prova é tradicionalmente realizada em duplas, porém nos últimos anos começou a oferecer também a modalidade solo. Sempre realizada no verão, o que não significa necessariamente calor já que o clima da Patagônia é um dos mais instáveis do mundo. Sendo assim, deve-se estar preparado para enfrentar calor, frio, chuva, ventos em terrenos que variam muito (neve, rochas, barro, rios...).
Entre os dias de prova, os participantes ficam em acampamentos montados pela organização (no início da prova, os próprios participantes montavam suas barracas...). No acampamento a estrutura é limitada e não há banheiros nem duchas. Somente banheiros químicos e banho, só no rio ou lago e mesmo assim sem usar produtos de higiene para não poluir o local.

Acampamento do El Cruce... O que o quarto tem de ruim, a vista tem de espetacular!!!


Resolvemos participar do El Cruce ano passado, antes de abrirem as inscrições. Fomos com o intuito de completar a prova e evitar ao máximo lesões, pois o objetivo principal do semestre era o Ironman Florianópolis em Maio. Sem pretensões de tempo, já que a montanha não é a nossa especialidade, longe disso. Como triatleta e corredora de rua, minha experiência em montanha se restringia a um trecho do Volta a Ilha em 2013 e uma trilha do Pai Zé no pico do Jaraguá feita duas semanas antes. A idéia era simplesmente viver a experiência. 

E assim, com aval do coach, seguimos para Bariloche na quarta-feira dia 04/02... A largada da prova é separada, solo largava dia 05 e nós que faríamos dupla largaríamos dia 06. Ao chegar em Bariloche já pegamos o táxi direto para Vila Catedral, uma vila no pé do Cerro Catedral que é a estação de esqui de Bariloche e local de largada da prova. Hora de pegar o kit da prova que já é famoso por ser super completo:


O Kit da prova... Super completo! Teve camiseta, primeira pele, polar, corta-vento, buff, cobertor de emergência, prato, copo térmico, porta-gel, meia de compressão, pilhas pra lanterna e até protetor solar!


Até aí tudo muito organizado e rápido. De lá, acompanhamos mais um pouco o movimento de corredores na vila. Os corredores solo já estavam entregando as malas do acampamento (você entrega a mala com as coisas que usará no acampamento um dia antes e fica somente com sua roupa de prova e mochila que irá correr...). Fora os corredores a vila parecia fantasma. Muito ruim em estrutura pois a alta temporada é no inverno, então foi grande a dificuldade para conseguir um local para jantar e comprar água. Mas conseguimos nos acertar. 

No dia seguinte fomos para a praça acompanhar a largada solo. Aí já deu para ver porque o El Cruce é tão único e diferente. A largada é por grupos e horários distintos, no primeiro dia divididos aleatoriamente por número de peito. Tradicionalmente os corredores sobem uma rampa no estilo rally, tiram a foto oficial e de lá saem para a etapa 1. Este ano foi ainda mais especial: logo na largada, os corredores de seis em seis pegavam o teleférico que subia até o ponto onde realmente começavam a correr e contar o tempo da etapa. Muito diferente e emocionante!!!



Acabamos resolvendo subir também o Cerro neste dia, só que por outro teleférico aberto para visitantes. Ao chegar lá em cima, surpresa: pudemos acompanhar os corredores num pedaço do trajeto e ver o que nos esperava: subidas duríssimas e um visual incrível!


Vista do teleférico... Os corredores passavam lá embaixo!

Hora de arrumar as malas do acampamento e mochila de prova com tudo que usaríamos no dia 1, já que a mala de acampamento ia ser transportada e só teríamos acesso a ela no final da etapa. Por essas e por outras o El Cruce exige um planejamento pior do que as provas de triathlon: a duração pode variar muito, você pode se perder e aí acrescentar de minutos a horas no seu tempo, então a alimentação, hidratação tem que ser pensada para isso. Existem elementos obrigatórios pela organização que você deve carregar todos os dias. A maioria para proteger de mudanças do clima e caso você tenha algum imprevisto e precise ficar na montanha esperando resgate... O resgate pode demorar tanto quanto você para chegar no lugar onde chegou! Então não dá para bobear. Planejamos junto com nutricionista a parte de alimentação, sempre extras contados e organizamos tudo certinho. A mala de acampamento foi com saco de dormir, comidinhas para lanches no acampamento, nutrição para outras etapas e roupas. Ainda levamos sempre medicamentos básicos e material para curativos e proteção de bolhas. Uma outra mala ficou no hotel no nosso caso, que era a mala do que não usaríamos na prova e sim após a mesma.

Parte da nutrição levada para a prova... Vale lembrar que isso foi para a dupla e calculamos para sobrar!!!! Ainda levamos sanduíches para ter algo salgado durante a etapa...


No final da tarde, um congresso técnico e confraternização com os corredores da categoria dupla aconteceu. Bom para esclarecer algumas dúvidas, mas serviu mais para aumentar e expectativa para o dia seguinte!!!



Agora era só tentar dormir e esperar o dia clarear...

(continua...)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Apresentação

Boa tarde pessoal!

Aos que não me conhecem, prazer.

Meu nome é Cristine e sou médica Oftalmologista. Moro em São Paulo há 3 anos, nasci em Campinas mas vivi a maior parte da minha vida entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Neste blog, pretendo relatar um pouco da minha vida paralela à Medicina... Algo que começou como uma brincadeira, tornou-se terapia e hoje norteia muitas das minhas decisões e ocupa grande parte do meu tempo livre: o Esporte! Mais especificamente a corrida e o triathlon.

Como a corrida entrou na minha vida?
Sempre fui a negação em esportes da turma. Quando criança era a última a ser escolhida nos times da educação física e não apresentava aptidão nenhuma para esportes coletivos. Cheguei a praticar natação, ginástica olímpica e tênis, mas nada evoluiu para nível competitivo, nem mesmo amador.

Ao chegar à adolescência, a luta contra a balança me fez frequentar academias. Era daquela parcela grande da população que começava e parava de praticar exercícios umas três vezes por ano.... Rsrs E, ao chegar na época do pré-vestibular, veio o sedentarismo. Na faculdade pouco melhorou e assim foi até o quinto ano de Medicina, quando comecei o Internato e a preparação para os concursos de residência médica.

Nessa época senti a urgência em sair de casa e fazer alguma coisa que me desviasse um pouco dos estudos. Eram tantas horas dentro de casa olhando livros, apostilas, cadernos e as dores lombares só aumentavam, a paciência diminuía... Eu precisava de um escape. E aí surgiu a corrida!

Assim, nos dois últimos anos de curso, comecei a correr na Beiramar de Florianópolis. Sem assessoria, sem tênis adequado (não façam isso! tive sorte de não ter nenhuma lesão!) mas com a sensação de que a corrida ia fazer parte da minha vida pra sempre.

Veio então a residência médica e continuei a correr, assim , sem compromisso. Nessa época já acompanhava todo ano a prova de triathlon já tradicional em Floripa: o Ironman. O trajeto do ciclismo passava na frente da minha casa e ali já tinha meu objetivo principal: um dia quero passar nesse lugar como atleta!

Sonho adiado por alguns anos, uma vez que ainda tinha que terminar a residência e me estabilizar profissionalmente... Em 2010 comecei a correr provas de 10k (sempre gostei de distâncias maiores, mesmo naquela época) e trocar os Nike Shox por tênis adequados... rsrsrs

Formada na residência, encerrei uma etapa importante da minha vida em Florianópolis. A mudança para São Paulo onde faria especialização foi muito, muito difícil. Me senti extremamente sozinha e deslocada na cidade. Chorei diariamente por cerca de 6 meses. No meio da depressão, não tinha ânimo nenhum para nada, nem para a atividade física. Vieram os quilos a mais e a auto-estima despencou.

Até que, em Julho de 2012, comecei de novo a correr. Desta vez com assessoria, me motivei mais e mais. Aos poucos, a corrida foi me trazendo amizades, desafios novos, conquistas... Considero realmente que nessa fase a corrida me tirou da depressão.

Daí por diante, veio a vontade de completar a primeira meia-maratona. E ela veio em 2013, junto com mais duas outras. Aí não parou mais. Em novembro de 2013, bike comprada, aulas de natação: começava o triathlon na minha vida!!!

2014 começou com a decepção do primeiro 70.3 Brasília, onde tive minha bicicleta roubada um dia antes da prova. Completei com bike emprestada e aquilo ficou engasgado, mas bola pra frente!  E veio a recompensa: uma assessoria nova onde me encontrei definitivamente, maturidade no esporte e minha primeira Maratona em Chicago!!!!!

E aqui estou, pronta para os desafios de 2015! Vou contar um pouco deles nesse pequeno diário!!!